Brasileiras são especializadas em networking no Vale do Silício – Joyce Bianchi

(* Responsável entrevista: Joyce Bianchi)
Imagine um lugar que tenha concentrado as maiores empresas de tecnologia do mundo, os maiores empreendedores, das mais variadas nacionalidades e imensas oportunidades de conhecimento, desenvolvimento e negócios. Felizmente este lugar existe e mais, conta com duas anfitriãs brasileiras.
As empresárias Andrea Litto e Juliana Dario estão na Silicon House, um local especializado em receber, treinar e direcionar empreendedores de todo o mundo no Vale do Silício, na Califórnia. Segundo a fundadora Andrea, que mora nos Estados Unidos há 20 anos, tudo começou em sua mesa de jantar, onde reunia empreendedores americanos e estrangeiros para conversas de negócios. “Eu estudei fotografia e culinária, mas quando percebi, estava fazendo jantares e conectando pessoas”, lembrou.
Logo a sala de jantar ficou pequena e Andrea percebeu que era hora de fundar um local apropriado para estas reuniões. Foi aí que, em 2012, surgiu a Silicon House, em San Jose, local em que empresários, executivos, investidores, professores, estudantes ou os entusiastas de inovação vão para experimentar, aprender valores e as oportunidades dentro e fora do Vale do Silício. Todos abertos a iniciar negócios. “Há vinte anos, quem vinha para os EUA trabalhava 24 horas para fazer dinheiro e voltar para o Brasil. Isso mudou, agora as pessoas estão vindo para abrir sua própria empresa ou trabalhar nas grandes e ficar por aqui”, revelou.
O principal objetivo da Silicon House é promover o networking, com a presença de pessoas de diversas nacionalidades, interessadas em negócios no Vale. Além disso, a empresa promove treinamentos, mentoria e programas verticais de negócios, como visitas à corporações, empresários e startups. De acordo com Juliana, são recebidos desde pessoas que tem simplesmente ideias até empresários que já estão consolidados em seu País e desejam iniciar um laboratório ou alguma frente de pesquisa no Vale, o que os deixa a frente da concorrência. “O importante é não ficar somente na ideia, mas sim executar”, afirmou. O principal, segundo ela, é compartilhar as ideias, para um melhor aproveitamento na busca em parcerias. “O maior erro dos brasileiros é chegar aos Estados Unidos e não contar sobre seu projeto. Tentamos ao máximo estimular essa troca, que faz parte da mentalidade americana. O Vale tem muita diversidade e isso traz uma riqueza, de todos se ajudarem, ser aberto, acessível. O que mais tento na Silicon House é que o projeto não acabe ali, que repliquem e mudem a mentalidade”, completou.
Outro destaque são os brasileiros que vão ao Vale para ter uma “ideia de um milhão de reais”. “Falam ‘estou aqui pra ter uma ideia’, mas o negócio é fazer. A competição é maior e o brasileiro tem que entender que vai trabalhar o triplo, executar esta ideia e fazer ainda mais que um americano”, ressaltou Andrea.
É aí que acontece a atuação da equipe da Silicon House. Em todo networking e conhecimento. “Fazemos uma primeira apresentação da cultura, por exemplo, como se comportar, além de workshops, mentorias, isso pra cada empresário ou startup, independente do tamanho da empresa”, disse Andrea.
A pesquisa antes de iniciar um negócio no Vale também é muito importante. “É necessário fazer um research de todos os passos pra levar uma companhia para lá. Abrir empresa é fácil, mas tem que ter preparo completo na área burocrática pra dar sequencia. Entrar é fácil, mas permanecer é difícil”, afirmou Juliana.
Outro erro comum acontece no próprio networking. Os brasileiros muitas vezes não pensam em qualidade, mas sim em quantidade e tentam reunir o máximo de cartões possíveis. “Vão a vários eventos, tentam falar com todo mundo, mas esquecem que uma conversa produtiva pode acontecer em um simples café”, contou Andrea. Chegar despreparado também é um fator que “queima” o empresário. “O networking exige confiança, tem que acreditar na ideia”, completou.
Segundo as empresárias, mesmo com a crise, este é o momento certo para ser criativo. “Mas deve-se pensar em projetos sociais que ajudem todos, não só a si mesmo. Não dá para ser egoísta hoje em dia, você vai pro Vale e vai ser ajudado, vamos ter essa troca”, finalizaram.
Joyce Bianchi
Sócia e Conselheira Grupo GV8 (www.grupogv8.com.br)
Diretora de Missões de Negócios BWi Participações (www.bwiparticipacoes.com.br)
Embaixadora Escola de Você – SP (Plataforma de ensino para mulheres com 110.000 alunas no Brasil)